#Resenha: Todo Dia - David Levithan


Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Ano: 2013
Número de páginas: 280
Assuntos: Ficção, Jovem Adulto, Romance
Como seria acordar todo dia em um lar diferente, em situações diferentes, em uma vida diferente.
A, sabe muito bem como é isso, todo dia ele enfrenta novas dificuldades, receios e dilemas, pois cada dia acorda em um corpo diferente, tendo que enfrentar novas realidades, evitando alterá-las o mínimo possível, mas o que ele menos espera acontece e começa a querer permanecer, unicamente, como A.

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Somos apresentados a A, que todo dia acorda em um corpo diferente, independente do sexo, a única coisa que se mantém é a idade, sempre 16 anos, nunca o mesmo corpo. A acabou se acostumando a viver assim, passou por muitas coisas desde pequeno. Aprendeu que interferir o menos possível na vida daquele ao qual ocupava o corpo era o mais seguro a se fazer. Até acordar no corpo de Justin e conhecer Rhiannon, namorada de Justin. Algo nela desperta um novo sentimento em A, algo que ele não desejava há um bom tempo, a vontade de permanecer.

"Você aprende o verdadeiro valor de um dia, porque todos os dias são diferentes. Se você perguntar à maioria das pessoas qual a diferença entre a segunda e a terça-feira, provavelmente vão responder dizendo o que comeram no jantar à noite. Eu, não. Ao enxergar o mundo de tantos ângulos, percebo melhor a dimensão dele." Págs. 93-94

✏ Mensagem principal da obra.
Vou dizer o que senti ao ler o livro: Que ao viver "mecanicamente" acabamos perdendo partes da vida que são importantes, mesmo as mais ínfimas e ao termos um deslumbre de como são a vida de outras pessoas é que damos valor ao que temos, podendo ser algo material ou alguém especial ou até mesmo um hábito que pode ter um peso que até o momento não tínhamos percebido. Que o amor não depende de estilo, raça, cor ou crença, e sim se conectar internamente com um pessoa. Não podemos ser dominados pelo medo da solidão, deixando de arriscar aquilo que realmente queremos.


"E, mais uma vez, penso em como as pessoas usam o diabo para dar nome às coisas que temem. A causa e o efeito estão invertidos. O diabo não obriga ninguém a fazer as coisas. As pessoas é que fazem as coisas e culpam o diabo por isso." Pág. 123

✏ E aí, gostou?
Finalmente peguei Todo Dia pra ler, e já nas primeiras 30 páginas me surpreendi com a narrativa de David Levithan. O autor tinha uma temática muito boa nas mãos e soube explorá-la bem. Abordou várias questões profundas e cotidianas com uma simplicidade encantadora. Nos fazendo refletir sobre aquilo que muitas vezes passa despercebido em nossas vidas. Adorei a ideia de A não possuir gênero e nem uma aparência definidos. Levantando a questão de que não importava se estava no corpo de uma menina ou menino, era apenas o A.

A foi um personagem muito bem construído, alguém maduro para idade que tinha, afinal mesmo tendo 16 anos já havia vivido "muitas vidas" e com elas passado pelas mais diversas situações, carismático, se preocupava com aqueles que "habitava". Somente sua pequena obsessão por Rhiannon que me incomodou um pouco. Ela por sua vez, não me conquistou. Não gosto de personagens que ficam "em cima do muro" só pendendo pro lado que lhes convém.

Apesar de amar a história praticamente o livro inteiro, quando terminei senti que não havia sido tudo aquilo que tinha imaginado, foi muito bom, porém acredito que o foco excessivo no romance acabou tirando um pouco o brilho e potencial do livro. E mesmo aceitando o final, sinto que faltou um pouco de sentimento por parte da Rhiannon e o suspense sobre qual seria o desfecho foi meio morno.


Avaliação Final:

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